
Prosseguindo com a série “Os Grandes Conflitos da Pós-Modernidade”, apresento-lhes o pilar mestre de toda a sua estrutura: O Consumo que nada mais é que a base de toda a estrutura do capitalismo neoliberal. Esse sistema faz parte de uma cadeia fechada em que o consumo impulsiona as corporações, que por sua vez, impulsiona toda a economia neoliberal que articula-se novamente para o estímulo do ... CONSUMO. E qual o papel social que ele assume dentro da condição pós-moderna? Bom, vejamos neste post.
Pós-Modernidade e Consumo:
O consumo faz parte de um processo linear conhecido como a Economia de Materiais. Annie Leonard, em seu estudo sobre A Origem das Coisas afirma que esse sistema começa pela extração, vai para a produção, em seguida caminha para a distribuição, então para o consumo e depois para o tratamento de lixo quando o material consumido for descartado. Acontece que esse é um sistema em crise e em cada fase desse processo, há inúmeros problemas de caráter ambiental e social que precisam ser explorados e conhecidos.
Sob o âmbito social, um desses problemas é que, com o consumo sempre aquecido e estimulado, a sociedade não percebe como esse sendo parte daquela cadeia ao passo que consumir dentro da comunidade consumista se desenvolveu enquanto que a participação social e política a população entrou em declínio.
Assim, sob esse cenário, Canclini postulou a tese de que o consumo passa a assumir o papel político da sociedade, delimitando classes e interesses. Ainda sob essa linha, quando mercado, consumo e globalização se unem, há uma intensa mudança cultural implantada, pois os três são produções sociais dotadas de significados. Aí fica a pergunta: Qual, então, seria o papel do consumo na pós-modernidade?
Quando confronto as teses de Annie Leonard e Nestor Canclini, proponho que o consumo passa a ser um problema de caráter social e não apenas econômico. Quando alguém consome, não adquire somente as funcionalidades do produto, mas uma identidade que será percebida pelos outros indivíduos e isso aliado ao fato dele estar inserido numa sociedade dotada de significados que qualquer cidadão poderá perceber e se utilizar, podemos afirmar que atualmente o sujeito social é classificado pela sua capacidade de consumo.
Para reforçar essa conclusão, ainda temos o consumo dos meios de comunicação de massa que aumentou em relação ao consumo das tradicionais instituições sociais, como a igreja e associações comunitárias, por exemplo. Com esses meios difundindo mensagens ideológicas das classes elitistas, a sociedade, como um todo, passa a seguir esse padrão o que resulta no enfraquecimento da atuação de outros grupos quanto ao seu exercício político e de representatividade institucional.
Tomando emprestada a idéia de Canclini no primeiro capítulo de seu livro, o consumo então, serve pra pensar. Entretanto, não devemos associá-lo a fatos irracionais movidos por ideologias vazias. Isso porque o consumo ocorre quando os desejos internos se transformam em demandas mercadológicas que impulsionarão toda a cadeia de produção reproduzida pela força de trabalho, assim ele atua como grande articulador social, pois aquilo não é desejado, então, não será produzido.
Esse raciocínio quando aplicado a uma sociedade cheia de classes e grupos sociais, com ideologias individuais e consequentemente com produtos diferentes, vemos esses produtos como expansão das lutas entre esses diferentes grupos o que direciona os conflitos sociais não mais pela disputa dos meios de produção, mas para a apropriação dos meios de distinção simbólica que, no novo contexto pós-moderno, definirá a qual identidade ou grupo o indivíduo estará inserido. Canclini denomina esse processo como racionalidade sociopolítica e interativa do consumo.
Porém, não apenas para classificar e delimitar classes e grupos que o consumo se molda. A partir do compartilhamento das mensagens manifestas nos produtos, a sociedade como um todo articula seus costumes, mas essa realidade também pode reforçar perfis discriminatórios a medida que os demais grupos se interessam por esses significados, sob esse ponto o consumo se molda a partir de uma racionalidade integrativa e comunicativa da sociedade. Assim, o consumo nos é apresentado nessa nova época como um elemento multidisciplinar envolvendo várias questões, agora cabe saber quando parar.
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