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sábado, 9 de abril de 2011

A Moda e a Pós-Modernidade

Dando continuidade à série “Os conflitos da Pós-Modernidade”, abro espaço para o campo responsável pela manutenção da situação de intenso consumo expresso no nosso segundo post da série, pois a moda funciona como um mecanismo instigador da mudança. A busca pela exclusividade acelera o nosso relógio social e o nosso relógio biológico, cada vez mais exigido.

            A moda mantém o consumo em alta, então, devemos taxa-la como o grande inimigo da sociedade passiva de massa? Não. Ela é a grande responsável pela representação cultural de um povo e exemplos não faltam, certas vestimentas são vistas apenas em certos povos em função de costumes, religião etc. Sob esse ângulo, é importante que a moda esteja sempre migrando para a manutenção dessas tradições.
         Agora dentro da pós-modernidade, falar de moda é falar de imagem e o poder imagético que as formas trazem a mente do indivíduo altera as percepções subjetivas do sujeito consigo mesmo e dele com os outros. Lipovetsky abre o seu livro “O império do efêmero” comentando sobre essa relação e ainda afirma que essas percepções alteradas causam em curtos períodos de tempo, satisfações e confortos, sempre nos condicionando ao mundo do visual.
          Tamanha é a força da imagem que todo um consciente coletivo entra em conflito pelo ritmo acelerado de inovação da moda e, assim, perdemos nossos valores diante da construção incessante de novos modelos em estruturas de imposições sociais para sempre experimentarmos coisas e experiências cada vez mais efêmeras. A oferta de experiências tem um objetivo simples: manter a Sociedade de Consumo sempre atraída aos tentáculos do capitalismo pós-moderno.
A força da imagem também limita a ação do indivíduo para um campo onde manifestações sociais nada repercutem se não forem acompanhadas de loucura e violência e até mesmo esses aspectos violentos da sociedade se tornam mercadorias (veremos isso com mais detalhes no próximo post). É esse potencial para produção de espetáculos que insere a moda no centro dos fenômenos estéticos do novo século, responsável para mostrar a identidade do indivíduo.
Estamos, então, escravos da moda? Não, porém enquanto não assumirmos um aspecto mais racional sobre ela, pensando não apenas em vestir, mas em porquê vestir, teremos a moda como uma ferramenta de expressão social legítima de um grupo social, esse é o ponto democrático dela. Gilles Lipovetsky explica ainda essa autonomia sobre o mundo da aparência é um passo inicial para a emancipação do homem comum a uma subjetividade própria, mesmo que ainda sob influência do coletivo. Está aí uma coisa pra se pensar: Como será que agindo diante da moda?

Para saber mais:

           LIPOVETSKY, Gilles. L´empire de l´éphémère. La mode et son destin dans les sociétés modernes. Ed. Gallimard: Paris, 1987.

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