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sábado, 28 de maio de 2011

Ciberviciado Compulsivo - Parte II


Bombardeados sobre os perigos da compulsão cibernética, rapidamente, minha companheira me acusou de ser um ciberviciado e ficou triste por saber que era uma ciberviúva. Eu, porém, tranqüilo, procurei acalmá-la e ainda por cima resolvi fazer uma aposta com ela: passar uma semana sem internet e mídias sociais. Agora, eu me pergunto: Por que diabos eu resolvi fazer isso?

Já estava há duas horas no pequeno vilarejo quando os primeiros sintomas do vício em internet e mídias sociais começaram a aparecer: irritação, tédio, sudorese nas mãos e testas. Nem os filmes da Sessão da Tarde em que costumo me divertir apreciando os efeitos especiais retrô e também quando dublo as falas de a Lagoa Azul adiantaram para mudar o meu humor.
Tentei pensar em outras coisas, daí sugestões não me faltaram: God Of The War III, Final Fantasy, Mortal Kombat, Need For Speed, Facebook... Se eu tivesse contato com o Twitter, já estava com uma sacadinha na ponta dos dedos: “O mundo dos games está me assombrando: Kratos me persegue num carro tunado com a logo do ‘face’ na espada e com o ‘curtir’ no escudo”. Se tirarem as aspas, fecha em 140 caracteres direitinho.
Então, resolvi colocar meu lado jornalístico em prática. Saí pela vila com minha máquina digital e resolvi colher informações dos nativos sobre as impressões que eles tinham sobre o lugar, quais eram os principais acontecimentos de lá, quais as visões de mundo que eles tinham, enfim...
Nessas andanças, fui convidado por um senhor muito simpático a visitar a casa dele. De mãos calejadas pelos árduos anos no trabalho rural e vestes simples, a típica personificação das pessoas que lá habitavam. A recepção foi a mais calorosa possível, café e todos os tipos de receitas possível que se possa fazer com queijo (pão de queijo, biscoito de queijo, bolo de queijo, acho que já entenderam, né?!). Daí com meu bloquinho de anotações, comecei a entrevista:


Eu ao lado do Sr. Simpático, um grande exemplo da cultura Mineira!


Evanesceu: Sr. Simpático, podemos começar falando um pouquinho da sua história pra gente aqui do Evanesceu?

Sr. Simpático: Mia famía sempri trabaiô toda nas prantação de mio i soja do patrão da fazenda grande. Essas terrinha que nóis veve foi dada pela famia da fazenda ainda no tempo qui mia mãe vevia e desde intão, a gente veve aqui. Houve um tempo qui o trabaio na roça começou a ficar mais fraco, daí alguns dos meu fio foram pra Brasía tentá uma sorte mio. Isso já faz mais de 20 anos i desdi intaum, quando dá, eles vorta aqui pra me ver.

Evanesceu: O Sr. Pode contar um pouco da sua rotina pra gente, Sr. Simpático?

Sr. Simpático: Bom, eu mi alevanto umas 4 e pouco da manhã quandu o primeiro galo começar a cantá. Intaum, mia fia si alevanta junto cum eu e prepara o café pra todo mundo, aí saio na carroça pá ir pra fazenda. Trabaio inté umas 11 da manhã e nóis para pru armoço lá na área di alimentação. Ai as merendera do patrão servi u armoço e nóis come. Dipois vorto pro trabaio limpando a prantação das ervas daninhas ca inchada inté umas catro hora, quando monto na carroça e vorto pra casa.

Evanesceu: E o que o Sr. Costuma fazer pra se distrair nas horas vagas?

Sr. Simpático: Ah, eu tenhu a ma veia tevisaozinha cas novela, eu num gosto muito dus jornar não pruquê só passa disgraça rim, intaum eu nem vejo mais. Além disso, vou na missa todo domingo cedo e rezo sempri pros meus fio tê uma chance mió de vida qui o pai deies. Tem tamém uns festejo qui aconteci sempri nessa época, cas prossição i cas visacra, dispois o povo si reúne no galpão e faz uma baita festa sô. O sinhozinho podia das as caras por lá!

Evanesceu: Ah, vai ser um grande prazer! Pode deixar que vou aparecer lá sim.

Resolvi manter a linguagem típica da região até para preservar um pouco da tradição que o pessoal de região procura sempre manter em sua simplicidade e crenças. Agora não pensem que acabou, o desfecho dessa viagem para minha descibertificação você confere na última parte da série.

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