"Frequento diariamente, há mais de seis anos, os transportes coletivos de Brasília e, tanto tempo entre balaústres, catracas e muito calor humano, desenvolvi um amplo conhecimento empírico no assunto. Parte deles, venho transmitir a vocês como uma tentativa de trazer a esses mínimos espaços algumas regras mínimas de convivência".
Os Baleiros de Ônibus.

Curiosamente, esses profissionais (sim, eles são profissionalíssimos no que fazem!) compõem o serviço de bordo mais completo que existe, ora com entretenimento, ora com a venda de produtos que também são vendidos em supermercado, poupando-nos de um precioso tempo que podemos gastar em atividades mais tranquilas, como abarrotar ônibus com o nosso calor humano, por exemplo.
Lembro-me de certa vez, quando apreciava os atributos de um coletivo completamente abarrotado de passageiros. Havia deles por toda a parte: no colo do cobrador, pendurado no teto e até mesmo no disputadíssimo chão próximo a saída traseira. Entrou um cavalheiro muito simpático disposto a nos distrair com adivinhem o quê! Isso mesmo, piadas sobre ônibus lotado.
Até achei interessante a performance do rapaz, ainda mais pelo sucesso e renome que ele possui. Fomos informados, em primeira mão, que o nosso comediante estrelaria o quadro "Quem chega lá?" no Domingão do Faustão. Ainda hoje aguardo ansiosamente todos os domingos na frente da TV quando esse cidadão fará a estreia dele.
E quando são aqueles obreiros da caridade? Nossa! Há dias em que nem durmo quando deixo de contribuir com alguma instituição inexistente de assistência a drogados ou enfermos de outras patologias. Ainda há os super-heróis da alma, que sempre procuram nos tocar com mensagens bíblicas decoradas e jargões manjados sobre salvação eterna. Caso alguém não aprecie a minha ironia, com o apoio de Mateus 6:14-15, peço perdão.
O caso é que, apesar dos farsantes, muitos baleiros são sérios. Espero que este texto sirva para auxiliar na identificação daqueles realmente lutam pelo pão de cada dia e tenhamos consciência de que, aquilo que consideramos um saco em viagens coletivas, pode ser a tentativa honesta de alguém ganhar a vida, já que, sim, eles poderiam estar (te) matando e (te) roubando.
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