
Sempre imaginei que o meu gosto pelo álcool era algo com o qual eu deveria lutar. Desde os meus 13 pra 14 anos quando experimentei desse elixir responsável por atitudes burras, inconseqüentes e vexaminosas da maioria dos indivíduos em sociedade, nunca imaginei o papel importante que essa bebida causa nas relações sociais.
Há alguns dias atrás estive em um casamento, ambiente ideal para testar a minha grande teoria. Numa cerimônia tão tradicional de nossa sociedade, haviam inúmeras pessoas contidas em sua moralidade com medo de ser alvo dos comentários maldosos daquela tia quarentona solteira e caída sob a inveja da noiva.
Durante a primeira hora da festa me contive apesar da incessante tentação que estava sofrendo da loirinha encorpada de brilho atraente, até para fazer “média” com a família da noiva a qual eu fui convidado. Então, a primeira vítima do elixir etílico da noite sentou-se ao meu lado e começou falar comigo: “E aí, Jão! De boa? Viu lá, o Paulinho? que papelão, a mãe teve de ir na ‘delega’ buscar o menino!”.
Bom, foi o máximo que conseguir entender do ininteligível sotaque bebum dele. E, apesar de meu nome não ser João e eu não conhecer nenhum Paulinho, bati nas costas do companheiro que nunca vi na vida e sorri. Isso foi o suficiente para selar uma estranha relação de amizade que eu não tive nem com os meus melhores amigos de infância. Daí ele me ofereceu um dos copos que tinha na mão (segundo ele, tinha pego um extra pra não perder tempo abordando o garçom a cada dois minutos, garoto esperto!).
Na segunda hora resolvi ceder a tentação e entrei no clima da festa. Dei uma piscadinha pra tia quarentona e enfiei o pé na jaca. Momentos após, sentado ao bar com meu grande amigo, começamos a discutir sobre as grandes aventuras de Paulinho. Engraçado, o dialeto do meu companheiro já nem era assim mais tão complicado de entender: “E aí, o Paulinho chegou na ‘mina’ tentou tirar o beijo dele (dele?) e aí, a ‘dona’ foi lá e desceu o tapão nele!”.
O resto da festa nem me lembro direito, mas percebi que, dentro de uma conversa normal com alguém que você nem conhece e talvez nunca mais veja na vida, sobre uma pessoa que você nunca ouviu falar (Ah! Que isso! Estamos falando do Paulinho!), não seria tão interessante se não fossem algumas taças de vinho e cerveja na cabeça.

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